A Condição Sine Qua Non nasceu da vontade de querer saber mais, da ousadia de querer ser essência, do manifesto desejo de comunicar. São estes os meus primeiros passos na blogosfera, ainda surpreendida pelo desafio, lançado pela Professora Susana Carvalho, no âmbito da Unidade Curricular Comunicação e esfera Política, de refletir, analisar, escrever, aprender e comunicar. Para mim esta é a verdadeira Condição Sine Qua Non para o conhecimento.
sábado, 2 de maio de 2015
O naufrágio das políticas de imigração da UE
A imagem de centenas de vidas
“naufragadas” no mediterrâneo deve causar-nos a todos angústia e desespero.
Esta tragédia tem origem em vivências seculares de pobreza extrema,
perseguições raciais, étnicas e religiosas e conflitos armados que duram há
décadas, destruindo regiões e as suas populações.
Os naufragados são pessoas que
tentam a todo o custo alcançar o “sonho europeu”, viver em território
democrático, ser pago pela atividade que exerce, longe dos conflitos e da fome
que os persegue. Pessoalmente são motivos mais que admissíveis. Mas estará o
velho continente europeu ciente dessa admissibilidade?
Após as recentes tragédias,
nomeadamente a de 19 de abril, que deixou o mundo a olhar para o mediterrâneo,
a UE, através do Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou
que a sua ação não foi suficientemente ambiciosa, referindo inclusive um
reforço da operação Tritão e o abandono da operação, italiana, Mare Nostrum, que assentava em 3 eixos:
estreitar a cooperação com os países de origem dos imigrantes, com o objetivo
de desencorajar as travessias perigosas; reforçar a vigilância das fronteiras
e, por último, melhorar a receção dos imigrantes. Segundo o diretor do
escritório da amnistia internacional para as instituições europeias, Nicolas J.
Berger, a substituição da primeira pela segunda não veio trazer quaisquer
benefícios para encontrar soluções humanizantes e dignificantes da vida humana,
na medida em que “a Tritão não é uma operação de busca e salvamento”, mas sim
uma prova clara que a contínua preocupação dos Estados-membros com a proteção
das fronteiras se sobrepõe às pessoas” (http://www.amnistia-internacional.pt).
No blogue Fortress Europe,
descrevem-se outras realidades, sob outras perspectivas, na minha opinião, bem
mais angustiantes. O jornalista Gabriele Del Grande, para além de nos mostrar a
abrangência desta real tragédia, que contabiliza, desde 1988, 19.144 mortos,
entre os quais 8.822 desaparecidos, relata ainda histórias de vidas na primeira
pessoa, sobreviventes dos naufrágios, que insistem em verbalizar ações criminosas
perpetuadas pelas autoridades de controlo de costa, principalmente as dos
países mais visados por este tipo de imigração, a Itália, a Grécia e a Turquia.
Acredito e defendo, a par do que
preconizava a operação “moribunda” Mare Nostrum que a solução a longo prazo
passará pelo apoio aos países de origem deste tipo de imigração, sendo
essencial, intervir ao nível da pacificação destes territórios. Neste
seguimento, o secretário- geral da Nato, Jens Stoltenberg, referiu que a
palavra de ordem é estabilizar estas regiões de forma a contrariar os
movimentos migratórios originados pelo desespero de fuga à guerra, à
perseguição e à fome.
Utópico? Talvez! Ou talvez não!
Mais ainda, é importante, tal
como defende a Amnistia Internacional que a UE intervenha em uníssono e que
crie políticas de imigração que promovam a criação de rotas seguras e legais
para a Europa, garantindo assim que as pessoas não tenham de arriscar as suas
vidas para poderem usufruir, em pleno, daquilo que lhes pertence por direito: a
vida. A vida é, por si só, condição sine qua non para tudo o resto.
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