Nos últimos dias temos
lido bastante acerca da situação da Grécia e da sua iminente “bancarrota”,
devido à incapacidade de conseguir dar resposta às suas obrigações no plano
financeiro. Como refere uma das representantes máximas do nosso país, da nossa
democracia e do nosso povo, trata-se do “inconseguimento”!!! Esta situação
marcará um povo, várias gerações de cidadãos Gregos que lutam para ter aquilo
que consideram ser seu por direito: viver em condições de dignidade.
Neste contexto, e colocando
de lado tudo aquilo que nos pode vir à cabeça que remete, quase sempre, para a
falta de sensatez dos governantes, gestão danosa, violação do princípio do
interesse público, entre outros, concentremo-nos nos cidadãos Gregos, que tal
como nós, Portugueses, se viram num barco que pode naufragar a qualquer
momento.
Análises macroeconómicas à parte,
interessa-me sobretudo inquirir a sociedade, particularmente a Europeia,
partindo do pressuposto que existe uma verdadeira sociedade Europeia, onde se
encontra a solidariedade e a inclusão, entendidos aqui como princípios
basilares do projeto europeu?
Diz-nos a página online
do Centro de Informação europeia Jacques Delors que o Tratado de Lisboa veio colocar
a solidariedade no âmago dos valores da União Europeia e definiu a forma como
esta se deve expressar nas diferentes políticas da União:
- A solidariedade é reconhecida como um dos valores fulcrais da União Europeia.
- O Tratado define a forma como a solidariedade deve ser concretizada nos diferentes domínios: abastecimento energético, Política Externa e de Segurança Comum; política de concessão de asilo, imigração e controlo das fronteiras externas.
- Uma nova "cláusula de solidariedade" exige que a União e os seus Estados-Membros intervenham conjuntamente caso um Estado-Membro seja alvo de um ataque terrorista ou vítima de uma catástrofe de origem humana ou natural.
O Tratado de Lisboa
consagra a economia social de mercado entre os principais objetivos da União,
assente nas disposições de carácter social da Carta dos Direitos Fundamentais:
para além da economia social de mercado, figuram entre os objetivos principais
da União o pleno emprego e o progresso social, a luta conta a exclusão social e
a discriminação, a promoção da justiça e da proteção social, a igualdade entre
os géneros, a solidariedade entre gerações e a proteção dos direitos das
crianças. Estes objetivos de carácter social devem ser integrados nas
diferentes políticas da União Europeia.
Tendo em conta estas
premissas, e relevando a questão de que a solidariedade deve estar na base dos
relacionamentos entre os Estados desta União Europeia, considero que a situação
da Grécia se está a degradar, de dia para dia, sem que haja uma verdadeira
intervenção solidária dos estados membros parceiros.
Considero que a
solidariedade e a inclusão, de que falamos, deve estar envolta num projeto major cujo objetivo deva incidir no desenvolvimento
de um entendimento mais profundo das mudanças societais na Europa e o seu
impacto na coesão social, bem como analisar e desenvolver inclusão social,
económica e política e uma dinâmica intercultural positiva na Europa e com
parceiros internacionais, através de ciência de ponta e interdisciplinaridade,
avanços tecnológicos e inovações organizacionais.
Os principais desafios a
endereçar dizem respeito aos modelos Europeus de coesão social e
bem-estar, inter-alia,
alterações demográficas, envelhecimento da sociedade, migrações, a deficiência,
a educação e aprendizagem ao longo da vida, bem como a redução da pobreza e da
exclusão social levando em consideração a diversidade cultural e regional. As
atividades a realizar devem basear-se sobretudo na promoção e implementação de
mecanismos para promover o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo,
bem como em práticas e políticas de confiança, indispensáveis na construção de
sociedades resilientes, capazes de suportar, debater-se e superar-se perante
dificuldades concretas, como aquelas pelas quais a Grécia, e também Portugal,
têm vindo a debater-se. Em simultâneo incentivar a promoção de ambientes, entre
Estados, geradores de inclusão e participação aberta e criativa, condição sine qua non para uma União
Europeia com cidadãos cientes da pertença e da posse de uma cidadania comum.

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